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ARTIGO – O Enigma de Chico Picadinho: Um Crime que Intrigou o Brasil

por | maio 6, 2024

Francisco Costa Rocha, conhecido como Chico Picadinho, foi um personagem que deixou uma marca indelével na história criminal brasileira. Seu nome se tornou sinônimo de terror e brutalidade, enquanto sua vida foi marcada por uma trajetória repleta de violência, tragédia e, talvez, até mesmo redenção.

Nascido em 1942, Chico Picadinho enfrentou uma infância conturbada, marcada pelo abandono e pela falta de afeto. Criado em um ambiente hostil, ele encontrou na natureza e na solidão uma válvula de escape para sua dor, uma dor que se manifestaria de maneira terrível nas décadas seguintes.

Ainda criança, após ser abandonado pela família e depois por um casal que o adotou, Chico foi acolhido pela natureza. Passou a viver com os animais da mata, onde teria iniciado sua perturbadora tendência de realizar rituais sádicos, matando gatos de diferentes maneiras.

Aos oito anos, sua mãe retornou para resgatá-lo, deixando-o sob os cuidados de uma escola católica, onde relatos apontam que presenciou cenas de abuso.

Após essa vivência, não se sabe ao certo como se deu a formação de Francisco, mas ele se afastou dos estudos e se envolveu com um grupo onde foi abusado sexualmente. Ele também tentou três academias militares, porém, foi rejeitado em todas elas.

Após ser condenado a mais de 20 anos de prisão por seus crimes hediondos, Chico encontrou na prisão uma oportunidade para se reinventar. Estudou, se casou e parecia estar trilhando um caminho de redenção. No entanto, a liberdade trouxe consigo antigas tensões e demônios interiores que ele lutou para conter.

Com uma biografia marcada por violência e intimidação, Chico se envolveu em diversas controversas.

Por não se destacar em concursos militares, tornou-se corretor de imóveis. Sua vida noturna se misturava com a rua conhecida como “boca do lixo”, um local popular de prostituição e consumo de drogas. Foi neste cenário que cometeu seus dois crimes mais chocantes.

Em 1966, após uma noite de bebedeira, estrangulou e esquartejou a bailarina austríaca Margareth Suida. Dois anos depois, já em liberdade, Chico matou Ângela, uma prostituta de 34 anos. Ambos os assassinatos seguiram o mesmo roteiro perturbador: as vítimas eram estranguladas, esquartejadas e, em seguida, ele dormia placidamente no sofá.

O Primeiro Caso:

A noite começou de forma aparentemente comum, com Margareth e Francisco compartilhando algumas bebidas em um bar. Porém, ao aceitar o convite de Francisco para ir até o apartamento na rua Aurora, Margareth se viu envolvida em um pesadelo que jamais poderia ter previsto.

Os relatos da época indicam que, uma vez no apartamento, os dois continuaram a beber e também a fumar. No entanto, o que começou como uma noite de diversão rapidamente se transformou em terror. Durante o ato sexual, Francisco teria sido tomado por uma raiva inexplicável, levando-o a cometer um ato hediondo: ele enforcou Margareth com um cinto.

Diante da terrível constatação de que Margareth não respirava mais, Francisco agiu de forma ainda mais macabra, arrastando seu corpo até o banheiro e utilizando uma gilete para esquartejá-la. Os detalhes perturbadores do crime revelam a brutalidade dos golpes que Margareth sofreu, atingindo diversas partes do corpo.

Após cometer o crime horrendo, Francisco, exausto, adormeceu no sofá da sala. Ao despertar, ele compartilhou com um amigo a chocante notícia de que havia uma pessoa morta em seu apartamento. Pouco tempo depois, ele foi preso, não oferecendo qualquer resistência às autoridades.

Em uma entrevista concedida ao jornalista investigativo Percival de Souza, Francisco apresentou sua perturbadora justificativa para o assassinato de Margareth. Alegou que o motivo foi a recusa dela em participar de uma prática sexual que ele havia proposto. Além disso, confessou ter esquartejado a mulher porque ela lhe lembrava sua mãe, Nancy, uma figura marcada por uma vida de prostituição e ausência, tendo vivido longe dele por dois anos durante sua infância.

Segundo Caso:

A sentença de Francisco por seu hediondo crime foi de 18 anos de prisão, mas na realidade, ele passou apenas 8 anos atrás das grades. Durante seu tempo na prisão, ele se dedicou aos estudos e ao trabalho. Mesmo estando preso, ele se casou, porém, o casamento acabou em separação quando ele foi libertado, deixando para trás uma esposa grávida. Mais tarde, ele se casou novamente e teve outro filho, mas novamente o relacionamento falhou.

Foi após sua segunda separação que Francisco voltou a mergulhar no mundo do crime. Apenas dois anos e cinco meses após sair da prisão, ele cometeu outro assassinato. Estávamos em 1976 e a vítima era Ângela de Souza da Silva, uma prostituta de 34 anos.

Essa trágica sequência de eventos revela não apenas a personalidade violenta de Francisco, mas também as falhas do sistema judicial em lidar com criminosos tão perigosos. A história de Francisco, conhecido como “Chico Picadinho”, continua a ecoar como um alerta sobre a necessidade de uma abordagem mais eficaz na prevenção e punição de crimes tão hediondos.

Nos confins de uma lanchonete, as vidas de Ângela e Francisco se cruzaram, traçando um destino marcado pela tragédia. Seduzida pela promessa de uma noite qualquer, Ângela seguiu Francisco até o apartamento de um conhecido. Mas o que deveria ser um encontro casual se transformou em um pesadelo macabro.

Enquanto se entregavam ao ato carnal, Francisco sucumbiu à sua natureza mais sombria, estrangulando Ângela e desencadeando um frenesi homicida. Com faca, serrote e canivete, ele dilacerou seu corpo, deixando uma cena de horror indescritível. Ângela foi encontrada mutilada, privada de seus seios, olhos arrancados e boca retalhada. Seus órgãos foram descartados no vaso sanitário, que mal suportou o peso do horror. Os membros foram embalados em sacos plásticos e malas, como se a própria natureza recusasse testemunhar tamanho ato de depravação.

Após mais um ato brutal, Francisco, exausto pela carnificina, rendeu-se ao sono no conforto do sofá. Desta vez, tentou fugir, mas as mãos da justiça o alcançaram mais uma vez. No tribunal, a defesa tentou apelar para a insanidade mental, porém, a justiça não se deixou enganar. Francisco recebeu a sentença de 22 anos e seis meses de reclusão em um presídio comum.

Esta história sombria não é apenas um relato de crimes atrozes, mas uma dolorosa lembrança da fragilidade da humanidade diante do mal absoluto. As memórias de Ângela e de suas últimas horas são um eco ensurdecedor da necessidade de justiça e vigilância contra aqueles que sucumbem à escuridão dentro de si.

“O Legado de ‘Chico Picadinho'”

O sinistro epíteto de ‘Chico Picadinho’ foi adquirido por Francisco durante seu tempo atrás das grades, onde até mesmo trabalhou como bibliotecário. Cumprindo integralmente sua sentença, Francisco permaneceu detido por mais 20 anos, sujeito a uma ‘interdição civil’, enquanto o sistema judicial ponderava sobre seu destino.

Em 2019, ele finalmente deixou a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, para residir no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Taubaté. À beira de completar 79 anos em 27 de abril, ele agora compartilha seu cotidiano em um ambiente coletivo dentro do hospital. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), antes do início da pandemia, ele até participava de atividades laborterápicas no setor de biblioteca.

O legado de ‘Chico Picadinho’ ecoa além das paredes das instituições onde esteve confinado, deixando para trás uma história marcada pela escuridão da alma humana. Sua trajetória é um lembrete sombrio da necessidade contínua de vigilância e tratamento para aqueles que se perdem nas profundezas da mente doentia

Com dois casamentos fracassados e o retorno à antiga vida, Chico Picadinho voltou a cometer crimes hediondos, mergulhando novamente nas profundezas da depravação humana. Atualmente, passados mais de 50 anos desde seus primeiros crimes, Chico permanece recluso na Casa de Custódia de Taubaté, diagnosticado como psicopata com tendências sádicas.

Para muitos, Chico Picadinho é apenas mais um criminoso condenado, um monstro cujo nome é sinônimo de terror e crueldade. No entanto, para outros, sua história é mais complexa do que isso. É um lembrete sombrio das falhas do sistema penal, das profundezas da psique humana e da capacidade do ser humano de se reinventar, mesmo nos lugares mais sombrios.

Seja como for, o legado de Chico Picadinho é inegável. Ele é um reflexo perturbador da violência humana que, infelizmente, continua a assombrar a história brasileira. Sua história nos confronta com perguntas difíceis sobre a natureza do mal, a possibilidade de redenção e os limites da justiça e da compaixão. E, talvez, seja nessa reflexão que encontremos algum tipo de resposta para o enigma de Chico Picadinho.

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