A história marcada por uma jornada tumultuada
Nascido em 2 de janeiro de 1967, na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, Marcelo enfrentou uma série de desafios desde cedo, testemunhando a violência doméstica que assolava sua mãe, Sônia Xavier Costa, uma empregada doméstica, nas mãos de seu pai. A separação dos pais aos cinco anos o levou a viver com os avós no Ceará por um período.
Aos dez anos, retornou ao Rio, estabelecendo-se em São Gonçalo com sua mãe e padrasto. Contudo, a presença constante de conflitos entre o casal resultou em mais uma separação, deixando Marcelo sob os cuidados de sua mãe, que, por motivos de trabalho, não pôde mais tê-lo consigo, enviando-o para viver com o pai.
A convivência na casa paterna não foi menos turbulenta, pois Marcelo enfrentou dificuldades com a madrasta e os filhos dela. Além disso, foi alvo de ridicularização e isolamento na escola, onde sua diferença era motivo de estranhamento e ostracismo, levando-o a repetir de ano diversas vezes.
Aos poucos, a situação se tornou insustentável e, aos 14 anos, Marcelo fugiu de casa, adentrando uma vida nas ruas, marcada por abusos e a entrada na prostituição como meio de sobrevivência.
Durante esse período, ele transitou entre abrigos para menores em situação de risco, até atingir a idade limite para permanecer neles. Desse ponto em diante, Marcelo retornou às ruas e à prostituição, usando os ganhos para viajar pelo Brasil.
Aos 17 anos, Marcelo encontrou em Antônio Batista, um homem de 48 anos, não só um companheiro, mas também uma conexão com a Igreja Universal do Reino de Deus, onde passou a frequentar regularmente.
Quem eram as vítimas do serial killer?
As vítimas de Marcelo eram meninos, com idades entre 5 e 12 anos, a maioria deles vivendo em situação de rua. Seu modus operandi envolvia atrair as crianças com lanches e dinheiro, sob o pretexto de precisar de ajuda para acender velas para São Jorge.
Em um período de 9 meses, Marcelo tirou a vida de 13 crianças. Como uma espécie de troféu mórbido, ele guardava as bermudas das vítimas após cometer crimes que envolviam asfixia, estupro e até necrofilia. Adicionalmente, ele feria as cabeças das vítimas para beber seu sangue, acreditando que isso o purificaria.
Em sua confissão, Marcelo afirmou ter como alvo apenas crianças dessa faixa etária, influenciado por um ensinamento de seu pastor, que afirmava que essas crianças iriam diretamente para o paraíso, ao contrário de vítimas mais velhas. Ele acreditava genuinamente estar fazendo um bem a elas.
Marcelo admitiu todos os seus crimes após ser preso, desencadeado pela fuga bem-sucedida de uma de suas vítimas, Altair.
Prisão e condenação do Vampiro de Niterói
O diagnóstico do serial killer revelou uma complexa condição de saúde mental, envolvendo esquizofrenia e psicopatia, acompanhada por distúrbios comportamentais decorrentes dessas condições. Essa intricada relação entre sua condição psicológica e os atos criminosos cometidos resultou na consideração de Marcelo como inimputável, sendo, portanto, isento de pena criminal. Em vez de ser encarcerado em uma prisão convencional, ele foi encaminhado para um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico no Rio de Janeiro, onde receberia cuidados especializados para sua condição por tempo indeterminado.
Em janeiro de 1997, Marcelo conseguiu escapar do hospital psiquiátrico onde estava internado. A oportunidade surgiu devido a um momento de descuido por parte de um guarda, que deixou um portão aberto durante o período de banho de sol dos pacientes. No entanto, sua liberdade foi efêmera, pois em fevereiro do mesmo ano, uma denúncia levou à sua recaptura no estado do Ceará.
Atualmente, Marcelo permanece sob custódia em um hospital psiquiátrico, sem perspectiva de liberdade. Sua situação evidencia as complexidades envolvidas na intersecção entre saúde mental e justiça criminal, destacando a necessidade de abordagens cuidadosas e especializadas para lidar com casos tão delicados.
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