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A Ultraviolência Estilizada Como Artifício para a Imersão|O Terror Até Sam Raimi

A Ultraviolência Estilizada Como Artifício para a Imersão | O Terror Até Sam Raimi

por | abr 7, 2024

Este artigo, dividido em duas partes, foi desenvolvido na busca de explorar, desenvolver e defender a ideia sobre um dos elementos do terror (a violência) , dentro de uma saga em que mais isso se mostrou presente e evoluiu como em poucas outras: Evil Dead.

Apesar do que muitos possam imaginar, o horror não nasceu com Invocação do Mal ou Anabelle. Ele vem de muito antes do James Wan. Muito antes do cinema. Como não se amedrontar com a descrição que Dante fez do Inferno, ao por lá passar com seu guia? Há registros de terror por toda a literatura. O Castelo de Otranto, escrito pelo Horace Walpole e Os Mistérios de Udolfo, da autora inglesa Ann Radcliff foram os pioneiros do Terror Gótico. Obras que misturavam com perfeição o horror e o romântico. Muitos autores vieram depois disso, trabalhando nesse estilo. Robert Louis Stevenson, Bram Stocker, Mary Sheley, Edgar Allan Poe, que acabaram por inspirar H.P Lovecraft, Stephen King, Peter Straub. Como já citei Dante, é fácil notar que não ocorrera o terror apenas na prosa, mas também nos versos, presentes principalmente durante o período do ultrarromantismo, tendo o Lord Byron como o melhor exemplo: “Não recues! De mim não se foi o espírito…/ Em mim verás — Pobre caveira fria — / Único crânio que, ao invés dos vivos, / Só derrama lágrimas”. Versos do poema traduzido pelo Castro Alvez, intitulado “Uma taça feita de um crânio humano”.

As imagens tiveram como pioneiro o frânces George Méliès, que se utilizou de seu conhecimento técnico sobre o ilusionismo para criar montagens fantásticas onde morcegos se transformavam em homens e que logo em seguida desapareciam. Cenas que aterrorizaram o público que buscava por puro entretenimento em 1896. O Castelo do Diabo foi uma sucessão de quadros experimentais que abriu portas para outros autores. A partir de então surgiram novas películas. Umas mais longas, outras mais curtas, mas foi com o Expressionismo Alemão que ocorreu a concretização desse gênero, com Nosferatu (1922), O Gabinete do Doutor Calighari (1920), O Golem (1920), dentre outras obras que foram capazes de tirar o sono do público. Muitos diretores deixaram suas marcas neste período, mas o mais famoso sem dúvida foi o F. W Murnau, que trouxe para as telas a primeira versão do Drácula, no já citado Nosferatu. Apresentou uma figura cadavérica, de mãos longas, que veio a se tornar emblemática no meio gótico.

Se durante o Expressionismo Alemão houvera a concretização, foi com os filmes de monstros da Universal que ocorreu a difusão para o mundo. O nome do Drácula enfim pôde ser usado, pois antes os herdeiros de Bram Stocker não permitiram ao Murnau usar os nomes de personagens e locais do romance em sua película.

O longa intitulado Drácula, dirigido pelo Tod Browing é um dos mais icônicos entregue para o gênero, criando imagens emblemáticas, como a do Bela Lugosi banhado por seu terno escuro sob sua capa, enquanto matinha seu cabelo para trás por meio de uma quantidade excessiva de gel capilar. Só que não apenas isso, introduzindo também novas técnicas e conceitos na busca de aterrorizar e encantar o público por meio de uma sexualização reprimida e uma violência tímida, garimpando novos elementos da literatura gótica. Diferente do Conde Orlok, interpretado pelo ator Max Schreck, que era aterrorizante do início ao fim, Bela Lugosi trazia uma abordagem que entrava no campo da sedução, com seu sotaque carregado, movimentos suaves e lentos, sem contar o seu penetrante olhar, constantemente recebendo um close iluminado.

No entanto, no mesmo ano foi lançada a adaptação de Frankstein, por muito tempo considerado o terror definitivo. Com este foi trazido um elemento de suma importância para o cinema: a compaixão para com o monstro. A fera, composta por pedaços de cadáveres foi apresentada de uma forma inocente, pueril e pura, enquanto que todos à sua volta lhe maltratavam, tratando-o como o monstro que aparentava ser, esquecendo-se do que poderia carregar em seu interior. No fim, ele se apresentou como o animal que todos viam e o transformaram por meio de ações preconceituosas e violentas.

Muitos filmes de terror vieram a ser produzidos, alguns ótimos, a maioria nem tanto. Diretores de produções B viraram adeptos do gênero, fazendo coisas fantásticas com pouco dinheiro. Sequências que deixavam as pessoas enjoadas e aterrorizadas, criando controvérsias ao ponto de serem ignorados pela maior parte do público. Levando em consideração um olhar mais atual, estas películas eram cruciais para os cineastas daquelas épocas, pois com longas de baixo orçamento conseguiam mostrar saber o que estavam fazendo para as produtoras e enfim chegavam ao estrelato, recebendo maiores orçamentos para produzir suas histórias. Os fãs do gênero também ganhavam, pois com o pouco dinheiro os diretores precisavam ser criativos para colocar na tela o que tinham em mente.

O melhor exemplo a ser usado é o de Sam Raimi, que chamou um grupo de amigos, sacou o pouco de dinheiro que tinha e se meteu a fazer um protótipo chamado Within The Woods, na tentativa de garantir algum investimento para produzir a obra que tinha em mente. Conseguiu US$ 90.000 e assim nasceu The Evil Dead, em 1981. Uma história que contava o tormento de cinco jovens que resolveram passar as férias em uma cabana no meio de uma floresta, mas que lá encontraram um livro composto por pele humana e escrito com sangue (Necronômico Ex Mortis). Ao ler as palavras, terminaram por despertar espíritos algozes de sequências de horror e gore que os conduziram direto para a morte.

Sinopse:
Ashley e um grupo de amigos vão para uma casa na floresta para uma noite de diversão. Lá, encontram um velho livro que, quando lido em voz alta, desperta a morte. Os amigos acabam libertando uma corrente de demônios e agora terão que lutar por suas vidas ou acabarão como um deles.

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